Eu vou cantar uma canção pro teu conforto,
Mesmo morto vou dizer que te adoro
E como choro ao perceber nossa distância,
Como criança eu adormeço e penso em ti
E me embalo na paixão que não padece,
Pois parece que eu sempre estive aí.
Vou me plantar nos teus jardins de madrugada
E dizer nada pra calar nossa viagem.
A minha imagem vai surgir no meu orvalho
E por meu galho vai correr como meu pranto
E transbordar em minha face como um riacho,
Pois eu acho que te amo tanto, tanto!
Vou me crescer no seio virgem da floresta
E fazer festa quando o dia alvorecer;
Vou revolver as mil raízes da saudade
Que me invade e me deixa assim mudo;
Vou me envolver nas ondas vivas do teu senso,
Porque penso que amar-te é mais que tudo.
Vou transcrever muitos poemas do meu peito
No meu leito moribundo de ternura,
Minha loucura será sempre tão sensata,
Mais exata que a paz que me abriga
E me castiga na ausência do teu braço
E me culpa por um drama tão tristonho
E eu sonho que te amo e te abraço!
Vou pedir pros anjos te adormecerem
E te beijarem com meus lábios de criança
Na esperança de não ser um pesadelo,
Com tal zelo que jamais eu seja um mito;
Vou pedir para cantarem com emoção
Esta canção do meu amor já tão aflito.
Vou pintar na tela escura do meu quarto
Teu retrato tão risonho e colorido,
Descontraído, com mil traços de alegria,
Que dia a dia distraído eu me levante
E me encante com a beleza do teu sorriso
E abra os braços corajosos e cansados
E desfaleça pra dormir em teu paraíso.