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José Anunciado Arantes
Quando o destino escreve, não há borracha que apague!
Textos
Parei de fumar


     Hoje, 30 de julho de 2015, faz 25 anos, mais de 2 dezenas de anos, 2 décadas e meia, 300 meses, 1.300 semanas, 9.132 dias, para enfatizar bem, que deixei de fumar. Literalmente deixei de queimar fumo, ops! melhor, de queimar dinheiro.
     Não fumei por muito tempo, apenas 18, 19 anos. Minha carreira de fumante teve basicamente 4 fases: estagiário, júnior, pleno e sênior, só para comparar à minha carreira profissional.
     Como estagiário fui aquele fumante eventual, acuado e medíocre. Eventual porque ainda na dúvida se seguiria com o vício, acuado porque muito jovem tentava esconder dos velhos e medíocre porque jurava que não me viciaria.
     Na fase júnior já sentia falta do maldito tubo nicotíneo e quando não podia comprar contava com o maço, às vezes, solidário dos colegas. Na escola sempre havia aqueles inconvenientes, quando não era você o serrote, que só viviam na serra, e choviam as piadinhas: esse nunca chega em santos; esse serra mais que carpinteiro, e por aí ia.
     Já como fumante pleno portava no bolso diariamente, até com certo orgulho, o maço, ou carteira como se diz em muitas regiões, do veneno legal, quer dizer, legalizado, que a Souza cruz, Philip morris, etc, glamurizavam em peças publicitárias que nos faziam correr à 1ª padaria, que antigamente vendia mais cigarros do que pães, e adquirir aquele maravilhoso produto, consumido por 11 entre 11 personalidades, artistas, políticos famosos, e pasmem, até atletas!
     Ah! mas como fumante sênior, ai sim cheguei ao auge do vício, virei o tal fumante inveterado, e não conseguia, por mais que tentasse, abandonar o companheiro fumacento. Fumava de 2 a 3 maços por dia, às vezes até mais, de 50 a 70 cigarros diariamente. Era uma chaminé ambulante, escravo do maldito vício.

     Tentei vários métodos para parar, todos sem sucesso. Um que chegou a dar um pouco de resultado foi o método de controlar o intervalo entre um cigarro e outro, aumentando gradativamente esse intervalo. Comecei com 10 minutos, que no início pareciam uma eternidade, depois fui aumentando para 15, 20, 25, 30 minutos e cheguei até a 3 horas, ou seja, fumava de 3 em 3 horas. Mas acho que fui muito rápido no incremento dos intervalos (o ideal é ficar muito tempo nos intervalos maiores) e acabei relaxando e, quando percebi, lá estava eu, novamente nos 50, 60, 70 bichinhos diariamente. Mudei até de marca, de Hollywood para Free que era "LIGTH".

     Já tinha me conformado com o título de fumante inveterado, e tinha certeza que morreria fumando, mas o meu dentista e amigo dr. Aldo,
ex-fumante, sempre me incentivava a largar o vício. No dia 30 de julho de 1990, após uma consulta de rotina, para inspecionar a colocação de um pivô, o Aldo me disse: "Está tudo certo, só falta você parar de fumar", porque já tinha nicotina impregnada e amarelando o pivô que havia sido colocado apenas uma semana atrás!

     Saí do consultório pensando naquilo... e fumando o meu último cigarro. Eram 12h30, atirei aquela última guimba ao chão cheio de fé e esperança, incentivado pelas palavras de apoio do Aldo, e disse a mim e sobretudo a DEUS: Não fumo mais.
     Retornei várias vezes ao consultório e nos elogiamos mutuamente, eu e o Aldo, pela dificílima façanha, creiam, que é parar de fumar. Durante muito tempo, vez por outra sonhava que estava fumando, e soltava aquelas baforadas "prazerosas", acordava desiludido por ter "voltado a fumar" e em seguida, aliviado pelo sonho. Mas isso era mais um aviso para redobrar a atenção e evitar uma recaída.

     O querido amigo dr. Aldo já não está mais entre nós, no plano terreno, mas onde quer que ele esteja, que seu espírito receba do meu, o mais fraterno abraço espiritual de gratidão deste humilde coração de ex-fumante. Obrigado AMIGO ALDO.




30/07/2015
José Anunciado Arantes
Enviado por José Anunciado Arantes em 30/07/2015
Alterado em 08/10/2019
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