De onde vêm as palavras?
Não a origem da palavra escrita, essa a etimologia explica. Mas a palavra proferida, aquela que vibra nossas cordas vocais e nos escapa boca afora, de onde elas vêm, de onde brotam?
Acho que algumas vêm lá das profundezas do intestino, chegam sujas, putrefatas, carregadas de podridão e emporcalham todo o ambiente.
Outras talvez venham do interior do estômago, chegam ácidas, encharcadas de ácido sulfúrico, sobem queimando o esófago e espalham sua acidez pelo ambiente.
Já algumas devem vir diretamente do fígado, chegam amargas, carregadas de fel e contaminam ouvintes e ambientes.
Outras devem vir do pâncreas, pois chegam cheias de enzimas de ironia e agressividade, ofendendo a todos.
Umas tantas, com certeza brotam nos pulmões, surgem lá das câmaras de ressonância, carregadas de todos os decibéis, chegam invadindo tímpanos alheios, deslocando o ar e seguem reverberando pelo ambiente.
Há ainda aquelas que vêm do cérebro, rebuscadas, pensadas, equilibradas, chegam moderando os ânimos e ponderando os diálogos.
Uma parte delas vem do coração, chegam sorrateiras, silenciosas, educadas, trazendo otimismo e esperança.
Mas, sem dúvida alguma, as mais belas são aquelas que brotam da alma, despidas de ódio, inveja, preconceitos e maldades. Chegam suaves, perfumadas, cheias de amor e fé, acariciam nossos ouvidos, penetram nosso espírito e beijam nossa alma. Feliz aquele que consegue proferi-las constantemente.