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José Anunciado Arantes
Quando o destino escreve, não há borracha que apague!
Textos
Paradoxos

Por que chorávamos enquanto todos cantavam?
Por que sorríamos enquanto todos choravam?
Por que falávamos enquanto todos emudeciam?
Por que calávamos enquanto todos falavam?
Por que pensávamos enquanto todos esqueciam?
Por que emudecíamos enquanto todos pensavam?
Por que voltávamos enquanto todos partiam?
Por que partíamos enquanto todos voltavam?
Por que nos perdíamos enquanto todos nos procuravam?
Por que nos encontrávamos enquanto todos se perdiam?
Por que nos movíamos enquanto todos se petrificavam?
Por que nos paralizávamos enquanto todos se moviam?
Por que corríamos enquanto todos andavam?
Por que parávamos enquanto todos corriam?
Por que éramos felizes enquanto todos se entristeciam?
Por que nos entristecíamos enquanto todos eram felizes?
Por que morríamos enquanto todos nasciam?
Por que existíamos enquanto todos morriam?
Por que sonhávamos enquanto todos viviam?
Por que nos tumultuávamos enquanto todos sonhavam?
Por que nos espedaçávamos enquanto o desejo era viver?
Por que vivíamos enquanto o mundo se espedaçava?
Por que éramos assim tão paradoxalmente contrários ao tempo e aos ensejos, por quê?




27/01/1973
José Anunciado Arantes
Enviado por José Anunciado Arantes em 12/10/2021
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